«Primeiro tive uma ideia. Depois vi um ideal. Agora temos um movimento
e, se alguns de vós não tiverdes cuidado, acabaremos por ser uma simples
organização.»
BP - Rasto
do Fundador
Caro Conselheiro do Núcleo Serra
da Lua
Após dois meses de espera pela
decisão do Conselho Fiscal e Jurisdicional Regional (CFJR) referente ao recurso
interposto pela Lista B do acto eleitoral para a 6ª Junta do Núcleo Serra da
Lua, que teve lugar a 27 de Abril, foi com surpresa que tomámos conhecimento do
seu teor
A situação do Núcleo Serra da
Lua, que está sem o seu órgão executivo há mais de dois anos e meio,
arrastar-se-á por mais uns quantos meses porque, pasme-se, na mesa de voto
estavam apenas duas pessoas quando, supostamente, deveriam estar três!
Devido à eventual constituição de
uma mesa de voto não regulamentar (faltava uma pessoa!!!!), a qual em nada
comprometeu o regular desenrolar do acto eleitoral, “vamos” obrigar a que se
imprimam mais 800 boletins de voto e 21 cadernos eleitorais, se enviem novamente
18 envelopes com votos por correspondência, se obrigue uma vez mais a que 3
pessoas permaneçam um Domingo na Sede de Núcleo e que, como se não bastasse,
mais de 400 adultos sejam novamente chamados a votar!
Estamos cansados deste escutismo
onde as pessoas estão para servir os regulamentos, em vez daqueles servirem a
Associação!
Porque não nos revemos nesta
forma de fazer escutismo e, independentemente do entendimento que fazemos do
acórdão proferido pelo Conselho Fiscal e Jurisdicional Regional, queremos
dar-vos a conhecer que optámos por não recorrer do mesmo para o Conselho Fiscal
e Jurisdicional Nacional, de forma a permitir o rápido encerramento de todo este
processo que levou à impugnação do acto eleitoral de dia 27 de Abril de 2014 e a
pronta repetição das eleições.
Apesar de todas estas
dificuldades, queremos pedir-vos que não desanimem e que nos ajudem a construir
uma solução para o nosso Núcleo, pondo um ponto final ao marasmo em que temos
vivido!
Ajudem-nos a, nas eleições que
entretanto irão ser novamente marcadas, elevar o nome do nosso Núcleo, do CNE,
do Escutismo!
Vamos demonstrar que o nosso
escutismo é outro, que o nosso escutismo é trabalhar, acampar e, acima de tudo,
jogar ao mais maravilhoso jogo que nos ensinaram e no qual acreditamos!
Todos juntos vamos conseguir
recolocar o guizo no gato.
Com uma forte canhota
estamos...
Sempre alerta para servir!
Duvidei se deveria ou não comentar isto...talvez porque não me surpreende...mas ainda assim continua a ser talvez triste verificar que a ambição se continua a sobrepor vezes demais aquilo que deveria ser talvez o Escutismo.
ResponderEliminarFui Escuteira...já não sou. Vivi aqui aqueles que foram talvez os melhores anos da minha vida e ainda assim... a minha identificação essa perdeu-se naquilo que de dia para dia torna o movimento uma organização demasiado comum: a ambição.
Voltar atrás no tempo…
Diria talvez que não fico surpreendida ainda que talvez interiormente me pergunte, talvez com alguma ousadia, se estas pessoas foram mesmo e algum dia Escuteiras ou se eventualmente o sentiram. É triste, pensar que um movimento que tem na teoria tudo para ser eventualmente perfeito, se transforma vezes demais numa qualquer organização comum, porque deixamos simplesmente que os nossos interesses individuais e a nossa ambição se sobreponha afinal a tudo o resto e talvez aquilo que é verdadeiramente importante.
Vivi neste movimentos aqueles que foram talvez dos melhores anos da minha vida, numa altura talvez em que a ingenuidade de ser criança nos fazia ser exatamente apenas quem eramos. A competição era natural e saudável. O que queriamos era talvez o prazer de viver o aqui e agora. O privilégio de apenas estar era demasiado grande para deixar que tudo o resto se sobrepusesse. Os amigos sobrepunham-se a qualquer cargo e a união essa existia para lá de qualquer patrulha ou equipa, ainda que o desejo ou ambição de vencer estivesse eventualmente lá. Mas era saudavel, diria, como deveria ser sempre. Os sorrisos eram sinceros e as lágrimas talvez também demasiado fáceis e sentidas. Sentir era apenas e tantas vezes talvez o mais importante.Os acampamentos, os raids, as viagens de comboio, os conselhos de guia, a partilha entre secções eram vividos com uma qualquer intensidade crescente, de quem mesmo que inconscientemente sabe, ainda assim, que vive algo único, aquilo que talvez não tenhamos nem tivessemos oportunidade de viver em qualquer outro lugar. Porque ali, podiamos ser nós mesmos e apenas o que quisessemos. E foi, foi tantas vezes e talvez por isso demasiado mágico, demasiado especial, naquele que foi para mim o agrupamento mais "perfeito" que algum dia me poderiam ter dado, até ao dia em que a ambição desmedida e estúpida de algumas pessoas fez com que este terminasse sem que nada o fizesse prever, pelo menos para mim. Pergunto-me talvez, o que ganharam ? Cargos, poder ? Diria talvez que perdemos todos.
Já não sou Escuteira faz algum tempo. Diria que o meu tempo passou e tenho muitas dúvidas se algum dia o voltarei a ser. A magia, as recordações, continuam efetivamente cá, talvez tão vivas como naquela altura e duvido talvez que o tempo algum dia as apague. Diria talvez, que ainda assim tive sorte. Tive aqueles que foram talvez os melhores chefes ou equipa de animação que poderia ter tido, a melhor patrulha, a melhor secção, os mesmos a quem hoje ouse talvez por isso chamar de amigos, porque o que partilhámos foi talvez muito maior que tudo o resto e fica, fica no tempo, porque ninguém nunca apaga aquilo que se vive com o coração e com sinceridade. Hoje, diria talvez que ganhei também naquilo que perdi. Olho para cada um de nós hoje, pessoas tão diferentes que o Escutismo uniu que se uniram e que conseguem ao fim de todo este tempo manter viva qualquer recordação, com o mesmo brilhozinho nos olhos de sempre, o mesmo que nos uniu há tantos anos, o mesmo que nos une hoje ao fim deste tempo. E eu, tenho apesar de tudo tanto tanto orgulho, naquilo que fomos naquilo que somos.
Continua a seguir...(Marisa Bernardo)
Continuação
ResponderEliminarPensar por isso, que se impugnam quaisquer eleições, ainda que de forma legitima, por motivos eventualmente banais, remete-me sempre e sempre ao mesmo ponto...o mesmo que não me permite nem permitiu manter a mesma identificação com aquele que talvez um dia considerei ser o meu próprio movimento. Podemos continuar a acreditar que a impugnação se fez em nome de qualquer regulamento, mas a verdade é que a mesma ocorreu e mais uma vez porque a ambição por cargos e poder continua a ser ainda tão mais importante e a mesma que faz que a cada dia este movimento se perca e "morra" talvez mais um pouco e cada vez mais.
Não voto, não sou hoje Escuteira, decidi há muito que o Escutismo estará presente sempre que o quiser verdadeiramente encontrar. Levei-o para a vida, para a minha vida. Aquela que tento apesar de tudo viver ainda com a mesma ingenuidade, a mesma magia, aquela onde me basta sentir que dei e eventualmente deixei o melhor de mim. A mesma que me faz querer estar por inteiro, a mesma onde procuro manter a tal identificação com o que faço e com as pessoas em que me cruzo, para que o tal brilho nos olhos não se perca, para que a partilha sincera continue lá, para que a mesma capacidade de eventualmente sentir e viver continue sempre demasiado presente. A mesma convicção de que não é feliz que têm mais, mas quem vive mais e quem toca eventualmente o coração de alguém. Acredito, que tocámos eventualmente o coração um dos outros e isso foi talvez maior que tudo o resto. Diria que acima de tudo ser Escuteiro é a capacidade de tocar o coração de alguém.
A Face do Guizo vai eventualmente voltar a ganhar (espero eu :) )...talvez com mais votos e ainda assim com mais mérito. Porque ainda hoje, me revejo nalguns de vos, porque talvez algum dia partilhei com vocês esta aventura de ser Escuteira, porque ainda acredito que o Escutismo reside mesmo em vocês e que o tal brilho não se perdeu e por isso meu muito muito obrigada. Mario Guido, Nuno Silva, foi de facto um privilégio ter tido a oportunidade de partilhar com vocês o que quer que seja.
Marisa Bernardo